23.7.12

Êxito

Os espasmos do passado não abalam a formação das cores do prisma de um cristal. Não existe uma métrica, uma rima, um toque, um olhar que seja diferente de um sorriso em busca de outro. Pense: Um sorriso.
Ainda que a solidão e o êxtase estejam num mesmo compasso, a vida segue com um plano e, já que deu errado uma vez, por falha humana, monta-se outro porque a canção, na verdade, nunca ouviu a si mesma. A canção permitiu-se tapar os próprios ouvidos para conhecer-se apenas na aparência. Na essência estará em quem a criou, mas também na lembrança de quem a recebeu. Uma singela lembrança.
A semente pode até cair no terreno certo, mas até deixar de ser interessante morre. Um mero experimento. Uma oportunidade que não se queria. Ervas daninhas.
E foram margaridas e sementes de girassóis que morreram como fotos e mais fotos feitas e apagadas tão rápidas como o flash.

Conheci a cor dos cabelos de Deus e a sola dos pés do Diabo e não me arrependo.
Confessei os pecados que ainda nem cometi, usaram uma imagem refletida no espelho para mentirem sobre a fantasia contra mim. É só um espelho, caramba.

Agora, do pó ao pó, em outro lugar e, sem exagero, não preciso nem lutar para sonhar o sonho de um futuro bom já que agora ele voltou para mim.

Não falta mais nada.
Nem respiração, nem concentração e nem reciprocidade, porque agora sou eu. Eu e Eu.
Nem música, nem liberdade, tampouco poesia.
Não falta mais nada.

Ainda que uma corda se parta, ainda que um botão solte da camisa, nunca faltará algodão nas nuvens em que insisto acreditar.

Êxito.

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