16.10.12

Quê.

Essa vida, dita normal, não é nada contemplativa.
Forças esgotam-se num piscar de olhos, o copo d´alma desaba num desmaio, fora das órbitas. Estafa.
Estafa por reconhecer a origem de um simplório mal remediável e que alastra toda a imunidade para uma linha de pensamento que dificulta a firmeza das pernas, que impede o corpo de absorver o alimento, que introduz sobre o cansaço adrenalina e mais estafa por digitar todos os números necessários para ouvir uma voz que sufocasse o atordoante sinal de convalescênça. Enfim, o desmaio.
Havia suspiros e sorrisos na memória, a única coisa que bastava para o silêncio da solidão.
Um quê de insatisfação. Um quê.
Os dedos ligeiramente permitiram-me sentir um único som tonal ao longe, 240 pontos bem marcados nas cicatrizes que me sugaram quilos de esperança. E agora... um quê de alívio.
Ouvi que, do carinho que possuo, serei imagem e semelhança de algo sonhado. Como o filho de um deus que não desiste de um filho, que olha no brilho dos olhos e percebe a perseverança e a tentativa de permanecer aliviado de maneira que a paz em si seja a desculpa mais esfarrapada para o acaso.
Nem todos os mortos conheceram o amor, conheceram na dor que nadar sobre o mar revolto é não sinônimo de paz. Não é mesmo.
Eu sinto tanto, mas tanto. É como se me fosse possível por o ar dos pulmões sobre a palma das minhas mãos e acariciá-lo nesse louco viver e passar.
Não há mais quês, a não ser que alguém possa definir o amor.
O desmaio já aconteceu. Já foi esquecido. Um mero ponto a constar no histórico.
Cabeça e corpo doem mais. Não mais.
Só isso.

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